A
partir de passagens bíblicas centradas na misericórdia, Francisco apresentou
reflexão sobre o reconhecimento da própria culpa, em vez do ato de julgar os
outros
Da Redação, com Rádio Vaticano
O
Papa Francisco retomou, nesta segunda-feira, 2, às Missas na Casa Santa Marta,
suspensas desde a semana passada devido ao retiro quaresmal (recorde as
reflexões ao fim da matéria). Na homilia de hoje, o Santo Padre destacou que é
fácil julgar os outros, mas se segue adiante no caminho cristão somente se há a
sabedoria de acusar a si mesmo.
As
leituras do dia são focadas no tema da misericórdia. Ao recordar que todos são
pecadores, o Papa indicou uma virtude cristã: a capacidade de acusar a si
mesmo, o que constitui o primeiro passo de quem quer ser cristão.
“Todos
nós somos mestres, somos doutores em justificar a nós mesmos: ‘Não foi minha
culpa…as coisas não são assim…’. Todos temos um álibi explicativo para as
nossas faltas, para os nossos pecados, e tantas vezes somos capazes de fazer
aquela cara de ‘eu não sei…eu não fiz…talvez seja outro': fazer-se de inocente.
E assim não se segue adiante na vida cristã”.
Francisco
explicou que é mais fácil acusar os outros. Porém, quando a pessoa começa a
olhar para as coisas de que é capaz, no início se sente mal, mas depois isso dá
paz. Segundo ele, se não se aprende esse primeiro passo da vida – o de acusar a
si mesmo – nunca será possível dar passos na vida cristã, na vida espiritual.
“É
o primeiro passo, acusar a si mesmo. Sem dizer nada; eu e a minha consciência.
Vou pelo caminho, passo diante da prisão: ‘É, estas pessoas merecem isso’. ‘Mas
você sabe que, se não fosse pela graça de Deus, você estaria ali?’. Pensou que
você é capaz de fazer as coisas que eles fizeram, ou até mesmo pior ainda?’
Isto é acusar a si mesmo, não esconder de si mesmo as raízes do pecado que
estão em nós, as tantas coisas que somos capazes de fazer”.
O
Santo Padre destacou ainda outra virtude: envergonhar-se diante de Deus, em uma
espécie de diálogo em que a pessoa reconhece a vergonha do seu pecado e a
grandeza da misericórdia de Deus. Trata-se de algo bom para fazer nesta
Quaresma: acusar a si mesmo e pedir a misericórdia de Deus.
A
frase “Quem sou eu para julgar o outro?”, afirmou o Papa, obedece à exortação
de Jesus: “Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis
condenados; perdoais e sereis perdoados”. Porém, o Pontífice reconheceu
que o ser humano gosta de julgar os outros e fazer fofocas sobre eles.
“Que
o Senhor, nesta Quaresma, nos dê a graça de aprendermos a nos acusar, na
consciência de que somos capazes das coisas mais maldosas, e dizer: ‘Tenha
piedade de mim, Senhor, ajuda-me a envergonhar-me e me dê misericórdia, de
forma que eu possa ser misericordioso com os outros’”.
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